A VONTADE
À vontade
sinto-me
para contar
cantar
comentar.
Olha-me nos olhos
e vê que não há razão
para mudar a direção
ou negar a intenção.
Desconserta-te?
Ficas sem jeito?
Bobagem
é resistir
à vontade.
À vontade
sinto-me
para contar
cantar
comentar.
Olha-me nos olhos
e vê que não há razão
para mudar a direção
ou negar a intenção.
Desconserta-te?
Ficas sem jeito?
Bobagem
é resistir
à vontade.
A covardia coloca a questão: ‘É seguro?’
O comodismo coloca a questão: ‘É popular?’
A etiqueta coloca a questão: ‘é elegante?’
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.
Martin Luther King
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Cansei de correr atrás de quem não sabe o que quer
Cansei de discutir por causa de coisas que nunca mudarão
Cansei de sofrer por quem ainda acha que o mundo vincula-se a seu umbigo
Cansei da coleira eletrônica, da babá eletrônica, do bilhete eletrônico e das relações eletrônicas
Cansei de tentar achar respostas fazendo as perguntas erradas
Cansei de fingir que não dói, que não machuca, que não sinto
Cansei de anestesiar as dores cotidianas apenas por subpô-las às outras
Cansei de ter medo do que sequer tentei
Cansei de achar que o mundo vai mudar por vontade alheia
Cansei de vender minha força de trabalho em troca de promessas de sonhos
Cansei de olhar a cidade todos os dias sem conseguir vê-la
Cansei dos números fabricados do jornal nacional, das taxas de juros do COPOM, da quantidade de mortos nas estradas
Cansei de achar que tudo é com os outros, nada comigo
Cansei de ter que comprar a casa na Vila Nova Conceição, o carro 0km, o creme da moda
Cansei de não saber o nome do meu vizinho, do senhor sentado ao meu lado no ônibus, da criança brincando na rua
Cansei da pesquisa Origem e Destino que ignora as origens do povo que ruma sem destino certo
Cansei de ter que ganhar no vídeo-game, no jogo de futebol, no emprego e, quem sabe, na loteria
Cansei do trânsito, da buzina, da fila, da catraca, da porta giratória, dos outdoors e da falta de atenção
Cansei de comer carne com anabolizante, verduras com agrotóxicos e frutas transgênicas
Cansei de ser ingênua e achar que um coletivo é formado pelo somatório de seus indivíduos
Cansei de me eximir das responsabilidades coletivas de meus atos individuais
Cansei de não pensar em assuntos por achá-los velhos e não os ver como ainda inexplorados
Cansei do preço da carro flex, do custo do alimentos orgânico, da falta de ciclovias e da secura paulistana de inverno
Cansei de aguardar ansiosamente pela primavera quando se resolverá tudo como que por um ato divino – sem esforço
Cansei do cansaço daqueles que não se cansam de reclamar e explorar aqueles que mal têm direito ao descanso.
Este breve escrito é apenas para expressar a grande admiração tenho pelos colegas de trabalho, que viabilizam, lá no barro, no concreto, no sol, a construção deste país.
Sem o operário, não tem Minha Casa Minha Vida;
Sem o operário, não tem Metrô;
Sem o operário, não tem campanha de eleição;
Sem o operário, não tem Itaquerão;
Sem o operário, não tem construção.
Fiquei tempos
longe de ti
papel
alvo.
Fugi muito
por querer
mais
de
menos.
Agora,
olhei para trás
olhei para ti
n’outro meio
uma tela…
Olhei para ti,
te reconheci.
Re-
comecemos!