Archive for the tag 'poesia'

Encruzilhada

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à direita

sucesso

ao centro

possibilidades

hoje

por ora

só consigo

olhar

para frente.

^

sua voz

Sua voz
tinge multicor tudo
me faz esquecer da agitação.
Sua voz
acalma e pacifica
feito uma oração a me abençoar.
Sua voz
fortalece
sem se elevar.
Sua voz
sussurra
sem o menor esforço.
Sua voz,
presente
que quero.

Que fazer?

Hoje fiz minha última avaliação da graduação, paralelo a isso ocorrem várias outras coisas: 3º lugar no concurso da CPTM,  bom resultado no teste de proficiência de inglês para o mestrado no PTR e talvez um diploma duplo de engenharia civil e arquitetura esteja a caminho! Ao mesmo tempo, todos nós envelhecendo, pais, tios e tias sentindo o peso do tempo soprando em seus pulmões e sobrecarregando corações que aproveitaram a vida. E encontro-me num misto de euforia – finalmente me livrei da graduação da Poli! – e incertezas… E agora? Qual o foco? Ganhar dinheiro? Construir uma família? Continuar estudando e pesquisando o que gosto? Tentar mudar o mundo? Tudo isso junto? É possível? Ser feliz? O que preciso para ser feliz? É possível ser feliz?
Nessas horas, me volto aos livros, aqueles que me assistem dormir todos os dias e aos quais vivo prometendo dar atenção um dia – o dia em que eu finalmente me formar…. e me deparei, de novo, com essa poesia do Ferreira Gullar:

Você que mora no alheio,
que anda de lotação,
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão
-que ainda espera desse mundo
de injustiça e exploração?

Você que paga aluguel,
que pagará toda a vida
a casa que não é sua,
que pode a qualquer momento
ser posto no olho da rua
-que pode esperar da vida
que deveria ser sua?

Que pode esperar da vida
quem a compra à prestação?
Quem não tem outra saída:
-ser escravo ou ser ladrão?
Que pode esperar da vida
que a recebe vendida
por seu pai ao seu patrão?

Pro patrão você trabalha
dia e noite sem parar.
Você queima a sua vida
pra ele a vida gozar.
Você gasta a sua vida
pra dele se prolongar.
Você dá duro, padece,
você se esgota, adoece,
e quando, enfim, envelhece
o que é ruim vai piorar.

Só então você percebe
que tempo você perdeu.
Você vê que sua vida
foi dura mas não valeu.
Você passou a seu filho
o mundo que recebeu:
O mundo injusto e sem brilho
que, de fato, nem foi seu,
que não será do seu filho
se nele não se acendeu
o sentimento profundo
que traz o homem pra luta
-luta que fará o mundo
ser dele, ser meu, ser teu.

Por isso meu companheiro,
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão,
Te aponto um novo caminho
para tua salvação,
a salvação de teu filho
e o filho do teu irmão:
Te aponto o caminho novo
da nossa revolução.

Então verás que tua vida
ganha nova dimensão,
que em vez de triste e perdida
terá força e direção.
E cada homem da rua
Verás como teu irmão
que, sabendo ou não sabendo,
procura a libertação.

Sentirás que o mar que bate
na praia não bate em vão;
Que a flor que cresce no Meyer
não cresce no Meyer em vão;
Que o passarinho que canta
não canta pra teu patrão;
Que a grama verde que cresce
empurra a revolução.

O mundo ganhou sentido,
teu braço ganhou função.
A revolução floresce
na minha, na tua mão,
que nada há mais que a detenha
-nem polícia nem bloqueio
nem bomba nem
“Lacerdão”-
que ela assobia no vento
e marcha na multidão,
ilumina o firmamento,
gira na constelação

porque já foi deflagrada
no meu, no teu coração.

(Ferreira Gullar)

A VONTADE

À vontade
sinto-me
para contar
cantar
comentar.
Olha-me nos olhos
e vê que não há razão
para mudar a direção
ou negar a intenção.
Desconserta-te?
Ficas sem jeito?
Bobagem
é resistir
à vontade.

Eletro-cardio

 

 

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CANSEI

Cansei de correr atrás de quem não sabe o que quer
Cansei de discutir por causa de coisas que nunca mudarão
Cansei de sofrer por quem ainda acha que o mundo vincula-se a seu umbigo
Cansei da coleira eletrônica, da babá eletrônica, do bilhete eletrônico e das relações eletrônicas
Cansei de tentar achar respostas fazendo as perguntas erradas
Cansei de fingir que não dói, que não machuca, que não sinto
Cansei de anestesiar as dores cotidianas apenas por subpô-las às outras
Cansei de ter medo do que sequer tentei
Cansei de achar que o mundo vai mudar por vontade alheia
Cansei de vender minha força de trabalho em troca de promessas de sonhos
Cansei de olhar a cidade todos os dias sem conseguir vê-la
Cansei dos números fabricados do jornal nacional, das taxas de juros do COPOM, da quantidade de mortos nas estradas
Cansei de achar que tudo é com os outros, nada comigo
Cansei de ter que comprar a casa na Vila Nova Conceição, o carro 0km, o creme da moda
Cansei de não saber o nome do meu vizinho, do senhor sentado ao meu lado no ônibus, da criança brincando na rua
Cansei da pesquisa Origem e Destino que ignora as origens do povo que ruma sem destino certo
Cansei de ter que ganhar no vídeo-game, no jogo de futebol, no emprego e, quem sabe, na loteria
Cansei do trânsito, da buzina, da fila, da catraca, da porta giratória, dos outdoors e da falta de atenção
Cansei de comer carne com anabolizante, verduras com agrotóxicos e frutas transgênicas
Cansei de ser ingênua e achar que um coletivo é formado pelo somatório de seus indivíduos
Cansei de me eximir das responsabilidades coletivas de meus atos individuais
Cansei de não pensar em assuntos por achá-los velhos e não os ver como ainda inexplorados
Cansei do preço da carro flex, do custo do alimentos orgânico, da falta de ciclovias e da secura paulistana de inverno
Cansei de aguardar ansiosamente pela primavera quando se resolverá tudo como que por um ato divino – sem esforço
Cansei do cansaço daqueles que não se cansam de reclamar e explorar aqueles que mal têm direito ao descanso.

outra etapa

Fiquei tempos
longe de ti
papel
alvo.

Fugi muito
por querer
mais
de
menos.

Agora,
olhei para trás
olhei para ti
n’outro meio
uma tela…

Olhei para ti,
te reconheci.

Re-
comecemos!

Que Brasil queremos? Que Brasil construímos?

Não quero mais um BRASIL

imundo, miserável, faminto

Quero um Brasil Guarani

quase parnasiano…

Cadê o tapete?

É aí mesmo:

embaixo.

Porém,

de

baixo

a (o)pressão

torna-se menos

clara, limpa, privada.

Mas que cores tão lindas:

o verde da mata, o azul do céu!

E o preto? Se livrou dele?

Sim, sem demasiada

demora

Agora,

ele

é

invisível.

FIMCOMEÇO

Poema que fiz em set/2007…

 

Parti d´A falta que ama

livro do poeta beijo-flor

e fui além,

apesar,

de leitura anterior,

leia-se 35,

some-se uma dúzia,

mais seu consecutivo,

ao último acrescentar meia dúzia.

Dúvida?

Basta seguir as instruções.

Aí ressignifiquei-o!

Basta.

Foi este o resto da divisão,

e tomei a liberdade de brincar

de poesia.

Não.

Poetisa não me pretendo,

pois é negócio de grande responsabilidade.

Não simplesmente se acorda

e se é.

Mas ousei.

Ousadia me levou:

longe, alguém…

correspondi

e perdi.

 

Sua obra começa

pelo fim

das comemorações de aniversário:

DISCURSO

E para quem já fez,

sabe como é:

faz – refaz – monta – remonta – relê.

 

Remontei, lei e preferi as pares

(com as devidas adapatações

que o tempo e as intenções

fazem aos pares):

 

Eternidade

não existe

Valeu a pena farejar-te

como a um cão

nos chamados instantes inesquecíveis.

Por que mesmo?

em êxtase

e dor

em paz

e inquitude

o acabamento perfeito

Até existe a palavra

letra morta

incomunicável

impenetrável

que nem a nós mesmos confessamos

e nunca o faremos.

 

Porque teu sorriso era de fraude.

 

E da 15, idade das menina-moças,

passo ao quarto

de século

quando Qualquer

TEMPO É TEMPO

agora meu,

hora de (re)nascer

de ver, rever

de viver.

 

Volto à dele

(apenas por mais um ano)

cujo título é duplo

não mais transparência

não mais ele

Apenas minha

ida.

AURORA

Aurora
irrompe,
saúda,
afaga.
Finge
descrença
no leito
de morte.
Vira,
revira,
desvira.
Vive,
revive,
desvive.
Mas
cortam-te
os raios
sorridentes.
Simula
feliz
descas
Ocaso:
saudade
interrompida.

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