Archive for the 'Pessoal' Category

Já tenho a minha passagem

Não conseguia dormir e saí andando pela cidade, afinal, Viena é muito segura e minha última experiência aqui me lembrava que os bares fechavam cedo. Fiquei feliz quando encontrei um aberto, pois apesar de ser setembro, estava um ventinho frio… Entrei. Perguntei o que tinham de quente e tudo o que o garçom respondia era alcoólico – eu juro que só queria um café quente (ou chocolate, ou capucino, até chá estava valendo). Fiquei com aquela cara desconcertada sem saber se peguntava por um café ou se resolvia beber algo de verdade, porque librianos somos assim: cada escolha é uma escolha de vida. Foram milissegundos reais, muitos muitos imaginários traçando todas hipóteses que consideravam  minha vontade inicial, as possibilidades, a temperatura lá fora, o preço das bebidas…

A gente quer uma cerveja!
Nossa, você por aqui?!
Sim, estou indo visitar a Nessa e resolvi vir por Viena – acabei de deixar as malas no Hostel na MariaHilfer Strasse.
Cara, que mundo ovo! Preciso sair do Brasil para ver as amigas de São Paulo no meio da madrugada no bar!!!
Melhor que não encontrar nunca mais, não é?

E a gente conversou e bebeu litros. Falei da felicidade de estar morando num lugar sem algazarra na rua, sem Tropical Butantã. Ela falou da nova fase da vida, sobre projetos me-ga-lo-ma-ní-a-cos, de como mudar o mundo, naquilo que importa – como sempre, aliás.
E falamos de como nos conhecemos, ou melhor, lembramos que não nos lembramos exatamente como e quando nos conhecemos.
Deixa isso para lá, isso não importa – ela fez aquela quebradinha de mão e riu.
E nos atualizamos das últimas notícias da THacker, do Ônibus Hacker, e da sortuda Kombi Hacker – Sabe que uma pessoa da rua do LabHacker ganhou 30mil apostando no bicho os números da placa da Kombi? Agora avizinhança acha que o projeto traz boa sorte para o bairro! – parecia história de Peixe Grande, mas a realidade pouco importava depois de 6 copos de meio litro de cerveja vazios na mesa.

Retomamos uma conversa que tínhamos deixado em aberto um dia, sobre as necessidades de avançar as conquistas da LAI e como fazer para as coisas mudarem para quem mais precisa.
Achamos poucas saídas e muitas limitações no modelo (quase só) representativo atual. Deixamos como ToDo Task fundar um partido crowdsourced com o Markun quando voltássemos ao Brasil. Se a Dani voltar para terras canarinhas ela será candidata a deputada federal, a Pati vai cuidar da comunicação e da privacidade, a Fê vai garantir a integridade, a Gaby via puxar a articulação com o movimento feminista e o Casaes será lobista oficial, porque nada melhor para quebrar o lobby da corrupção do que o lobby legalizado, transparente e com schedule publicado na internet!- hahahahaha
Putz – caiu! Mas olha, a gente paga pela caneca. Aliás, a gente também pode trazer nossos amigos para beber aqui amanhã e ajudar na divulgação do bar porque essa cerveja feminista é ótima!

Saímos do bar, pagamos a caneca e levaremos nossos amigos lá, a despeito da cara feia da moça do caixa.

E agora o quê?
Ah sei lá, casar ou comprar uma bicicleta?
Que tal comprar uma bicicleta e um pônei?
Você só pode estar brincando?!
Ah, deu certo com o ônibus, por que não?
Não consigo acreditar no que vou dizer… mas ok, onde compramos?
Vem que eu sei onde tem!

Corremos enquanto o dia amanhecia, viramos à direita duas vezes e umas trinta à esquerda de forma que não sei como não voltamos para o mesmo lugar de onde saímos. Cruzamos uns cinco portões e perto de uma ponte grande havia uma minúscula loja com uma placa dizendo: Vendem-se bicicletas e pôneis.
Ser hacker é isso – conhecer lugares que nem o Google conhece…
Escolhi minha bike laranja neon e ela, o seu pônei.
Own, olha a carinha dele.
Ele é o mais feinho, mas ele parece meiguinho mesmo.
Então é esse mesmo – quero levar esse!

Saímos de lá, pedalando e cavalgando pela Chapada Diamantina.
Vimos o nascer do sol mais lindo de nossas vidas.
Sentamos na beira de um penhasco e ficamos lá, completamente em paz.
Acho que está na hora de irmos, o pessoal do busão deve estar acordando.
Qual é a próxima cidade?
Serra da Saudade
Hum, eu preferia ir para Serra da Alegria.
Mas, mas… você nem sabe se existe, e se existir, como vai para lá?
Ah, saber se existe a gente resolve com internet e para ir é só ter uma passagem.
Li, aqui não tem rodoviária para comprar passagem para lugar nenhum… bora de volta?
Aha! Olha a surpresa: eu já tenho a minha passagem – vou de pônei. Fala para o pessoal me encontrar lá depois?
Aviso sim, pode deixar!

Foi um abraço forte, longo, pleno.
Ela partiu cavalgando e sorrindo por cima do desfiladeiro.
liane2

Banhos para começar 2014

952019901-G
Achei esta dica* de diferentes banhos para iniciar 2014 com boas energias:

Banho para trazer saúde

Ingredientes
1 punhado de lavanda
1 punhado de camomila
1 punhado de manjericão roxo
10 pétalas de rosa branca
1 punhado de alecrim

Como fazer
Ferver os ingredientes em 1 litro de água.
Esperar a mistura voltar à temperatura ambiente.
Coar.
Após um banho normal, derramar do pescoço para baixo enquanto mentaliza seu desejo.

Banho para ter prosperidade

Ingredientes
10 pétalas de rosa amarela
7 folhas de louro
1 pitada de canela em pó
1 colher de chá de mel puro

Como fazer
Ferver os ingredientes em 1 litro de água.
Esperar a mistura voltar à temperatura ambiente.
Coar.
Após um banho normal, derramar do pescoço para baixo enquanto mentaliza seu desejo.

Banho de descarrego simples

Ingredientes
3 punhados de sal grosso
1 maço de manjericão

Como fazer
Ferver 1 litro de água.
Macerar com as mãos o manjericão.
Jogar a água quente no recipiente com a erva.
Esperar esfriar.
Usar outra panela para misturar os 3 punhados de sal grosso em 1 litro de água.
Após um banho normal, derramar do pescoço para baixo a mistura com o sal.
Em seguida faça o mesmo com a da manjericão.
O sal retira as energias positivas e negativas, por isso o segundo banho é necessário.
Mentalizar que tudo de ruim vá embora.

Banho de descarrego

Ingredientes
3 punhados de sal grosso.
3 folhas de guiné.
1 maço de catinga-de-mulata
1 maço de hortelã

Como fazer
Ferver os ingredientes em 1 litro de água.
Esperar a mistura voltar à temperatura ambiente.
Coar.
Após um banho normal, derramar do pescoço para baixo enquanto mentaliza que toda energia negativa deixa seu corpo.

Banho de proteção

Ingredientes
1 ramo pequeno de arruda
1 maço de guiné.
1 espada de são jorge cortada em 7 pedaços

Como fazer
Picar com a mão todas as plantas numa vasilha.
Despejar nessa vasilha, sobre as plantas picadas, 1 litro de água fervida.
Abafar o conteúdo.
Esperar esfriar.
Após um banho normal, derramar do pescoço para baixo enquanto pede ao Arcanjo São Miguel ,ou ao seu mestre protetor favorito, todo amparo de que precisa.

* Revista Bons Fluidos, Ed. 177, Ano 17, no.12, Dez/2013

Navegar na nuvem

Tapete-Retalhos Era um barco, tipo barco viking do Playcenter mas sem o movimento pendular. O casco e os bancos eram de madeira, os ferrolhos de ferro com sinais de oxidação. Entrei e havia travas nas portinholas, baixas. Não havia cinto de segurança nos assentos. Ao entrar, cada um(a) poderia escolher uma cor para ser sua.
Como escolhi roxo, meu assento ficou roxo, minhas roupas e… minha pele também. Assim, ao olhar de cima aquele monte de gente sentada no seu barco vicking, cada qual com sua cor, era como ver uma trama de tecido de inúmeras cores.

Degradê-parede-decoração-colorida-1-630x475Resolvi sentar na frente, tinha conhecidos e conhecidas por ali – várias pessoas de esquerda. Frente de Esquerda? Pessoas que pensam parecido escolheram cores parecidas. Resolvemos nos organizar e sentamos em degradê. Resultado: cada um ficou com sua cor preferida, mas ao nos olharmos parecíamos tecido que ia mudando de cor lentamente, sem rasgos ou grandes deltas de RGB.
E lá encontrei a Luiza Erundina – nesta base ela não estava perdida.
Nosso navio partiu e a cidade, lá embaixo, apequenou e também era tecido, ora de prédios de concreto, ora de telhados de barro.
nuvens
E ao nosso lado, as nuvens!

Why do we want to change the world?

Ainda uma página em branco sendo construída…

Writing exercise: Identify and describe a favorite activity or interest

Reading is to discover the world book

From my point of view, reading is the most enjoyable activity in life. The act of read means not only acquiring information and learning, but also providing physical and mental care.

To me, reading is the main resource of knowledge. The written word invention has been fundamental to mankind evolution throughout all our existence due to the fact it was the everlasting way we have found to transmit knowledge among generations. And today, despite all technological innovations that coexist, like radio, TV, and Internet, books still concentrate a cumulative knowledge that our species has produced without precedent.

In addition, reading is an excellent activity for learning foreign languages. Think back to when you were a child and the importance of children’s storybooks in learning your first language. This role remains when it is about foreign languages. It improves vocabulary, uncovers other cultures’ veil, leads to more highly-developed language skills, and contribute to write better. All this happens because we unconsciously absorb information as how to structure sentences and how to use words correctly.

Another point is that reading is healthy. We exercise our brains while encoding all that visual characters in abstract concepts inside our minds. This complex task strengthens brain connections and stimulates new ones creation. As an activity which requires focus and a kind of silence, it promotes concentration and helps to relax the body.

This quiescence of the body extended to the mind outlines an appropriate environment for imagination exercising. Whenever we read something we imagine sonorous, visual, and tactile aspects – we can even smell fragrances or feel compassion. In other words, we can really engage in a story and access a world of fancy; moreover, the possibility of escape from reality is a very healthy and necessary practice to deal with daily routine.

So, I am convinced that reading is a great entertainment, beyond an amusing and useful way to apprehend the world.

Writing exercise: decribe a scene in nature

At a glance that sunflower field reminded me of my grandfather who cultivated gardens throughout all his  life. Although it seems a homogeneous mass, each flower has its own life and needs to be cared for with love. Every little expression of life in there grows toward the sun in order to borrow its light and rehearses a mimetic movement stealing from wind its vitallity. They support each other, jointly and severally, over at least ten square kilometers, since they seem to understand that life in solitude is meaningless. The surrounding trees shadow paths for sunflower fans and clouds visit the sky in order to bring water to all life expressions. Bees pollinate as an amusement act such as the kids crossing the field. Other insects, crawling ones, eat weed and protect this tiny paradise. In adittion to inspiring painters, lovers and musicians; the yellow and the green play with each other and protect small animals. Finally, I reminded my grandpa last great lesson about gardening: to respect and to appreciate every particular beauty.

Writing exercise: decribe a scene

325px-Pina_BauschThe audience glided quietly among theatre’s seats almost as they were outlining Pina Bausch movements that would take place soon after. No, it is not about Pina by herself, yet Pina by Win Wenders.

Then, the projection reveals eleven women dancing in diamond formation, a soft diamond sliding across the stage, which deforms with an imaginary wind that dripps over dancers’arms.

Many arms go into action again, this time are male ones who grope, grab and arrange a woman. And another woman then falls toward the floor until she finds a pair of arms to prevent shock.

As antithesis, from the fall to the peak, conquested by a dancer-actor in a burst of happiness that echoes in a couple that intertwines in the hard city. Hardness of the rock from where someone jumps, followed by another one who struggles to escape. On the beach, a woman walks while another just bear. Several up-and-are follwed by jumps, falls, pendulums, joins and disjoins and now dance is the main agent telling the story.

The dance acts.

Aula de Direito

Recebi esta historinha por email… e, bem, pelo contato que tive com diversos advogados nas últimas semanas, acho que vale divulgá-la e dela lembrar, como ao juramento de Hipócrates para @s médicos.

 

Uma manhã, quando nosso novo professor de “Introdução ao Direito” entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:

– Como te chamas?

– Chamo-me Juan, senhor.

– Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! – gritou o desagradável professor.

Juan estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.

Todos estávamos assustados e indignados, porém ninguém falou nada.

– Agora sim! – e perguntou o professor – para que servem as leis?…

Seguíamos assustados porém pouco a pouco começamos a responder à sua pergunta:

– Para que haja uma ordem em nossa sociedade.

– Não! – respondia o professor.

– Para cumpri-las.

– Não!

– Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.

– Não!!

– Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!

– Para que haja justiça – falou timidamente uma garota.

– Até que enfim! É isso… para que haja justiça.

E agora, para que serve a justiça?

Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira.

Porém, seguíamos respondendo:

– Para salvaguardar os direitos humanos…

– Bem, que mais? – perguntava o professor.

– Para diferenciar o certo do errado… Para premiar a quem faz o bem…

– Ok, não está mal porém… respondam a esta pergunta:

Agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?…

Todos ficamos calados, ninguém respondia.

– Quero uma resposta decidida e unânime!

– Não!! – respondemos todos a uma só voz.

– Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?

– Sim!!!

– E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar  quando presenciar uma injustiça. Todos. E não voltem a ficar calados, nunca mais!

– Vá  buscar o Juan – disse, olhando-me fixamente.

Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito: quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.

Tornar-se mulher

Nada como começar o ano retomando os metas não cumpridas no(s) ano(s) anterior(es), e uma delas foi escrever no dia 08 de todo mês algo reflexivo sobre a mulher e/ou o movimento feminista na nossa sociedade.

Como dia 09/janeiro/1908 nascia Simone de Beauvoir queria escrever sobre ela…  Mas, dei-me conta que nunca lera nada que ela já tivesse escrito, nenhum de seus livros, nem os mais famosos como “memórias de uma moça bem-comportada” ou “o segundo sexo“. Assim, resolvi que este ano lerei um livro dela – ainda não escolhi qual.

Mas estou aqui, navegando um pouco na Internet e me deparando com citações como:

“… não acredito que existam qualidades, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade”

“On ne naît pas femme, on le devient” – “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”

“A disputa durará enquanto os homens e as mulheres não se reconhecerem como semelhantes, isto é, enquanto se perpetuar a feminilidade como tal”

E, embora fora do conjunto da obra, o que mais me impressiona é o eco que essas palavras ainda têm mesmo que quem as escreveu tenha nascido há mais de um século… essa reflexão e busca de referência nasceu da constituição do grupo PoliGEN – Grupo de Estudos de Gênero do PoliGNU. E acho que acertamos ao batizar oficialmente o grupo no fim de 2012 fazendo referência à palavra gênero, pois a apropriação desta palavra remete à construção social de uma diferença orientada em função da biologia, por oposição a “sexo”, que designaria somente a componente biológica.

Da Wikipedia, sobre a palavra gênero: ” Dentro da teoria feminista a terminologia para as questões de gênero desenvolveu-se por volta da década de 1970. Na edição de 1974 do livro Masculine/Feminine or Human? de Janet S. Chafetz, a autora usa “gênero inato” e “papéis sexuais aprendidos”, mas na edição de 1978, o uso de sexo e gênero é invertido. Na década de 1980, a maioria dos escritos feministas passaram a concordar no uso de gênero apenas para aspectos socioculturais adaptados. Nos estudos de gênero, o termo gênero é usado para se referir às construções sociais e culturais de masculinidades e feminilidades. Neste contexto, gênero explicitamente exclui referências para as diferenças biológicas e foca nas diferenças culturais. Isto emergiu de diferentes áreas: da sociologia nos anos 50; das teorias do psicoanalista Jacques Lacan; e no trabalho de feministas como Judith Butler. Os que seguem Butler reconhecem os papéis de gênero como uma prática, algumas vezes referidos como “performativo.” ”

E deixo abaixo uma série de links de páginas que visitei e que só me aguçaram ainda mais a curiosidade para conhecer a obra de Simone de Beauvoir e as questões ligadas aos gêneros:

TEXTOS

sobre Simone de Beauvoir na Wikipedia

Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp

Livros feministas – conta c/ “O Segundo Sexo”

sobre a peça de Fernanda Montenegro “Viver sem Tempos Mortos”

Artigo interessante sobre Simone, sua obra e a intelectualidade

Um blog, com Beauvoir…

VÌDEOS

Documentário Globo – parte 1, parte 2 e parte 3

Vídeo “não se nasce mulher” – parte 1, parte 2, parte 3, parte 4 e parte 5

Balanço 2012

A meta principal de 2012 estava estabelecida: TERMINAR A GRADUAÇÃO NA POLI!
Comecei o ano numa nova gerência do Metrô (GEM) que está responsável pela implantação do Monotrilho na Zona Leste de São Paulo, partindo de Vila Prudente. Comecei atuando no pátio de pré-fabricação das vigas-guias e depois segui para o acompanhamento do lançamento das mesmas, na madrugada paulistana. Achei que tudo fluiria assim, Metrô e Poli, vida dupla em paralelo. Mas não deu. O horário Poli estragou tudo e organizar o horário para comportar o trabalho foi algo que sempre fiz, mas que se fizesse neste ano isso implicaria ficar ainda mais um ano na infernal graduação da Poli.
Decidi que aquele pé de meia, exíguo, que vinha fazendo para um eventual curso de pós seria usado… Dormindo 3h/dia não seria possível ser aprovada em todas disciplinas e, bem, não tem pós sem graduação. Então, resolvi fazer um pedido arriscado: pedi uma licença não remunerada do Metrô. Incerta e até improvável, ela saiu, meses depois da requisição é verdade, mas a tempo de eu salvar o primeiro semestre. Resultado: 10 na última prova de R4 e nenhuma dependência no primeiro semestre – a formatura em 2012 pareceu ser mesmo possível!
Oplanejado em janeiro não deu certo, mas a correção de rumo e avaliação da minha capacidade e das minhas finanças foi acertada: no fim de 2012 tudo deu certo! Minha formatura está garantida, embora eu já tenha tido um daqueles pesadelos que a Márcia da seção de alunos me liga dizendo que anda falta alguma disciplina para cursar… Isso foi o 2012 do ponto de vista acadêmico da Poli.
Cabe fazer algumas considerações sobre o termo “infernal”: poucos(as) docentes se deram conta de verdade que os(as) estudantes de hoje não são os mesmo de 10 anos atrás. Digo, se dar conta de verdade, porque no discurso tudo pode ser feito, o discurso inteiro pode ser válido, mas ainda assim, pode ser incoerente com as ações e a realidade. Hoje temos uma infinidade de informações e, embora tenhamos muita capacidade intelectual, isso não significa que tenhamos tempo infinito nem coração de pedra. Antes de sermos futuros(as) engenheiros(as) somos pessoas: temos expectativas, precisamos de motivação e queremos reconhecimento ao fazer algo acertado (e não ouvir um “apenas fez a obrigação”). O fantástico é que a diversidade salva tudo! É possível ter esperança em relação à burocracia da Poli quando vemos pessoas dispostas a fazerem as coisas simplesmente funcionar. É possível ter esperança em relação à pedagogia da Poli quando vemos pessoas levando sua atuação docente e discente a sério, ouvindo um ao outro. É possível ter esperança em relação à estrutura de poder da Poli quando vemos algumas pessoas fazerem coisas boas não apenas para mostrar na Congregação ou Departamento o que fizeram, almejando futuros cargos brevemente à disposição.
E seria possível escrever ainda bastante sobre os meandros da motivação de estudantes, docentes e funcionários(as), bem como respectivas atuações – mas isso fica para outro(s) post(s). Tirando o lado formal da Poli (sala de aula, provas, trabalhos e notas) tem também um lado muito estimulante e gratificante: a atuação estudantil. Não é fácil também, mas perto das provas de R2 nada é impossível. Em 2012 refiro-me especialmente ao Escritório Piloto (EP) e ao Grupo de Estudos de Software Livre da Poli-USP (PoliGNU).
O EP agregou muitas pessoas e novos projetos, além de conseguir manter os parceiros como PoliGNU e Bandeira Científica. Manteve também o site, que precisa contar ainda com mais empenho dos participantes na sua alimentação. Foi importante articulador no envio de caravana de estudantes da Poli para a Rio+20 e promotor de importantes debates como o que houve sobre Belo Monte. Sediou o nascimento de 2 grupos de estudos, a saber, PoliGEN (grupo de estudos de Gênero do PoliGNU) e o Grupo de Estudos de Mobilidade (a ser rebatizado em breve). Ganhou mais visibilidade, foi citado no site da USP e tem feito muitos diálogos com outros cursos e universidades, assim como deve ser a extensão universitária: sem muros.
O PoliGNU, apesar de não ter agregado tantos membros como gostaria no início do ano, conseguiu aproximar 3 pessoas (Saulo, Liz e Gui) fundamentais para o andamento dos projetos. Fizemos menos PAPos e oficinas, mas fizemos mais projetos de maior envergadura, como o Radar Parlamentar que nos rendeu o 2º lugar na Maratona Hacker da Câmara Municipal de São Paulo, além de diversas apresentações (FISL, W3C, ALESP). Também mantivemos os cursos de LaTeX e fizemos um encontro em 8 de março que acabou se perpetuando mês a mês e prevê, para 2013, um programa de mentoring já como PoliGEN.
Do ponto de vista profissional, fiquei um tempo afastada – tempo estratégico. Porém, só o fato de terem me concedido essa licença é um voto de confiança no meu trabalho. Ademais, no primeiro semestre fiquei em 7º lugar no concurso do Metrô como engenheira e no segundo semestre fiquei em 3º no da CPTM. A vaga do Metrô já declinei, pois me chamaram ainda em julho e o título de engenheira ainda não chegou… Já a vaga da CPTM é apenas uma possibilidade, já que era apenas 1 vaga e que eu estou considerando seriamente fazer pós-gradução no Departamento de Transportes da Poli. É, parece incoerente com as críticas que fiz acima, né? Pois é, mas como recentemente li num ótimo texto de uma psicóloga do MSF a vida não é coerente e a gente vive. Incertezas me rondam, verdade, mas mais por diversidade do que falta de oportunidades.
Ah, preciso falar do inglês! Resolvi retomar o inglês este ano, afinal, mercado de trabalho e/ou pós graduação pedem isso. E um ano atrás fui fazer prova de nível da Cultura Inglesa, achando que ia bem mal. Não porque eu não tivesse estudado até o avançado (ou final do curso de inglês) do Senac, mas por uma baixa auto-estima que acho que vem da cultura da Poli – em especial porque quando tive um artigo meu aprovado num Congresso Internacional e pedi verba para custear a viagem, adiaram e quase não me deram a verba questionando (não só o) meu inglês, com medo que fizéssemos feio lá fora. Bem, depois de ser avaliada por uma professora que atestou que nosso inglês não era vexatório, fomos e apresentamos. Falei lá e foi difícil. Mas não fizemos feio e há tantos professores doutores, PhDs e etc. falando tão pior que a gente que achei picuinha das grossas essa história toda. Página virada, mas acho que daí vem a explicação para eu achar meu inglês uma bosta. Porém, a prova da Cultura não disse isso não e, para minha surpresa, em janeiro de 2012, após muitos anos sem aulas de inglês, me classificaram no nível CPE (preparatório para o certificado de proficiência e língua inglesa). Confesso que o começo do curso foi tenso, acho que menos pela minha falta de domínio do idioma, e mais por estar enferrujada no ritmo de estudo de uma língua estrangeira. Fato é que sinto que evolui bastante, seja em produção/ compreensão oral ou escrita. Cabe meus agradecimentos à teacher Mariana que ajudou muito, deu muitas dicas e manteve suas correções justamente rígidas. Nesse movimento de incrementar o inglês, acabei fazendo um curso do Coursera (writing in the sciences) e gostando desse negócio de bons cursos online. Me inscrevi em outro da UNITAR sobre mobilidade e no How to Reason and Argue, também do Coursera. Estou aprendendo e gostando muito disso!
Minha relação com o Di continua ótima! A gente se gosta muito e se entende bastante também. Lógico que eu faço cagada e ele também, que um fica puto com o outro, e que a gente discute de vez em quando. Entretanto, quando eu olho aquele sorriso maravilhoso, não tem como guardar raiva ou mágoa, só carinho e aprendizado, companheirismo e força. Tento o máximo ser amiga, seja para afagar, seja para falar algumas palavras mais duras. Às vezes erro a mão na rispidez, e não só com o Di, porque embora eu tente ter a devida sensibilidade, não gosto de esbarrar na falta de sinceridade… mas está aí um ponto que acho que posso melhorar – com o amor da minha vida, e com o mundo. Resumindo, sinto muita compreensão, cumplicidade, paixão e paz nessa relação que, no que depender de mim, durará muitos outros 5 anos!
O ponto negativo foi em relação ao meu cuidado com meu corpo. No segundo semestre consegui mais ou menos ir às aulas de Yoga, mas é ruim como as provas e trabalhos da Poli sempre passam na frente de quaisquer outras prioridades… E nas semanas de provas faltei nas aulas do Marcos Rojo – outro professor iluminado. Queria nadar no SESC, no Cepê, me alimentar melhor, fazer yoga, etc. Sinto falta física e psicológica de mexer o corpo. Para quem na infância e parte da adolescência jogava todos os dias (isso mesmo, todos os dias) ou vôlei, ou hand, ou basquete, ou natação. Essa meta não rolou, ficou para 2013 🙂

Próxima página »